O culpado é o cachorro

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Como já relatei, a estória teve andamentos desde então.

Consultamos um advogado e, sem imagens e testemunhas, nada avançaria.

Possivelmente, imagens tinha, já que a edificação ao lado onde o meu carro foi vandalizado é uma unidade de gestão de patrimônio do poder judiciário do estado. Mas, quando fomos procurar quanto a possibilidade de obter as imagens, nenhum servidor se dignou a nos recepcionar pessoalmente, e fomos dispensados na portaria do prédio, dizendo que no local as câmaras não funcionavam. Simples assim. Como servidor público, entendo que se envolver é temerário, ainda mais com assuntos externos, e se envolver sem a ciência da chefia, é caixão.

Com esta realidade, tínhamos que encontrar o nosso ‘amigo’ regularmente passeando na rua que fica o escritório da minha esposa. Nestes momentos, eu acenava dizendo ‘bom dia’ ou buzinava (quando estava mais longe), e eu podia ouvir um sonoro ‘vtnc’. Nestes quatro anos, nossas interações foram estas. Até o dia 08/02/2023, quando o encontramos no início da manhã e fizemos o nosso, já consolidado, ritual.

Para nossa surpresa, ele voltou de sua direção e foi em direção onde estacionamos o veículo. O espetáculo de palavrões, já descrito anteriormente, não era uma novidade, mas sim a expressão:

‘O que você quer com esta provocação?’

Não era provocação, quando ele vandalizou o meu veículo, ele criou um vínculo comigo, não fraternal, não empregatício, mas de agressor-vítima. Os acenos e cumprimentos eram ofensivos para ele, enquanto que eu queria significar ‘eu sei o que você fez com o meu carro’.

Durante os palavrões, ele inovou com homofobia, já que agressões verbais simplistas não eram suficientes, ele começo com alcunhas que inferiam a mim comportamento homossexual. Eu ri e respondi:

‘Você quer me comer?’

Entre os ataques, repliquei, ‘você riscou o meu carro’!

Vendo que os funcionários (terceirizados) do poder judiciário estavam assistindo a nossa ‘discussão’ no meio da rua, ele virou para eles, como seu fosse uma platéia de juristas, e disse:

‘Eu não fiz nada, foi o meu cachorro que esbarrou no carro dele.’

Falou isto com uma naturalidade surpreendente.

Deixei minha esposa discutindo com ele a minha orientação sexual, quando ela respondia pra ele ‘um viado sabe identificar outro’. No caminho, fiquei pensando sobre tudo o que aconteceu, sobre o surto e a origem do surto a partir do dia em que ele riscou o carro, e percebi que este senhor na verdade apresenta um quadro psiquiátrico estabelecido e a mentira em apontar o cachorro como o causador do dano ao veículo. Mentir desta forma, de forma deslavada no dito popular, pode ser um sinal comportamental bem característico.

De qualquer forma, como ele fez novas ameaças, procuramos uma delegacia para orientação. Como não ocorreu agressão (além da desinteligência verbal), como não há ameaça que possa ser tipificada penalmente (ameaça a propriedade não permitia uma qualificação adequada) e, não sabíamos nem mesmo o nome do cidadão, a escrivã indicou que pouco ou nada poderia ser feito, orientando que se nova agressão ocorrer, aí no contexto de vandalizar novamente o veículo, que eu chame a polícia militar para a qualificação no ato. Mas, aí, se não tiver imagens ou testemunhas, será o dito pelo não dito, com os dispêndios jurídicos envolvidos.

O cachorro, aparentemente, passa bem.

Don't be a troll; neither a pussy too.